Definição

O Clima Espacial pode ser entendido como o conhecimento e predição da resposta do ambiente espacial às contínuas mudanças dos fenômenos solares (atividade solar). Dessa forma, os efeitos do Clima Espacial sobre a Terra são conseqüências de diversos fatores, os quais incluem o comportamento do Sol, o espaço interplanetário, o campo magnético terrestre (Magnetosfera) e a natureza da atmosfera. Explosões e ejeções solares injetam grande quantidade da massa e energia solar no meio interplanetário, formando o vento solar e seus transientes, alcançando a Terra e provocando tempestades geomagnéticas e uma série de fenômenos geofísicos que afetam desde o funcionamento de satélites em órbita da Terra, até o uso de receptores GPS na superfície. Além do vento solar, o aumento intenso da radiação UV, até o raio X, altera o comportamento da atmosfera neutra, destruindo o ozônio e modificando a camada ionosférica entre outros efeitos.

Esses efeitos são particularmente importantes na ionosfera (região de 80 a 1000 km de altura), a qual se mostra altamente variável e responde de forma distinta a esses agentes controladores, sobretudo na região equatorial brasileira. A ionosfera recebe perturbação tanto de cima (da Magnetosfera) quanto de baixo (atividade meteorológica e propagação de ondas de gravidade na mesosfera). Nesse caso, o entendimento dos processos do sistema magnetosfera-ionosfera-mesosfera equatorial tem grande impacto sobre o desenvolvimento tecnológico da sociedade atual. Tais fenômenos influenciam fortemente as atividades e os sistemas de aplicações espaciais, causando interferências significativas e até mesmo interrupções nos enlaces ionosférico e trans-ionosférico de telecomunicações (sistema de satélite GPS e aqueles destinados ao sensoriamento remoto por radar), e mesmo em sistemas tecnológicos na superfície da Terra (correntes elétricas induzidas afetando transformadores de linhas de transmissão de energia e a proteção catódica de dutos para transporte de óleo e gás).

No ambiente espacial brasileiro, tais efeitos são particularmente mais intensos devido à grande extensão territorial do país, distribuída ao norte e ao sul do equador geomagnético, à declinação geomagnética máxima e à presença da Anomalia Magnética do Atlântico Sul. Por exemplo, a ocorrência de bolhas de plasma na ionosfera é mais freqüente no Brasil que em outros locais. Na busca de um melhor entendimento sobre os processos eletrodinâmicos e da fenomenologia peculiar da ionosfera equatorial e de baixas latitudes, este programa objetiva em primeiro lugar monitorar os parâmetros físicos essências para modelagem da ionosfera equatorial, tais como os parâmetros do Sol, do espaço interplanetário, da magnetosfera, ionosfera e da mesosfera, visualizá-los em tempo real, e desenvolver um modelo de previsão do Clima Espacial na região equatorial, particularmente com a previsão de ocorrência de tempestades geomagnéticas, bolhas de plasma e perturbações na ionosfera.