Resposável: Dra. Teresa Satiko, Dra. Livia R. Alves
As regiões ativas são regiões magnéticas na coroa solar associadas às manchas solares. As manchas são observadas em luz visível como regiões escuras pois são mais frias que a fotosfera. Já a região ativa está preenchida com plasma aquecido (temperaturas maiores que 1 milhão K) e por isso é tão brilhante nas imagens em ultravioleta (Figura 1). Durante uma explosão solar, esse brilho é ainda mais intenso.
Figura 1: Manchas solares são mais frias e escuras, mas a região ativa é quente e brilhante; nas imagens a região ativa 2297 e a Terra em escala. Fonte: Helioviewer.
A região ativa 2297 esteve presente no disco solar durante a primeira quinzena do mês de Março. Durante sua passagem, produziu mais de 80 eventos classe C (baixa intensidade), mais de 20 eventos classe M (moderados) e um evento classe X2,1 (intenso) no dia 11 de Março (Figura 2). Veja um filme dessa explosão solar intensa: http://helioviewer.org/?movieId=Wxrd5
Figura 2: Fluxo de raios-X em ultravioleta observado pelo GOES e eventos EMBRACE. Cada pico da curva vermelha é uma explosão solar classe C, M ou X. Cada evento do tipo R indica um evento em que a emissão ultravioleta do Sol causou um distúrbio na ionosfera terrestre. Fonte: EMBRACE.
Além dessa explosão solar intensa, no dia 15 de Março uma ejeção de massa coronal foi expelida na direção da Terra. Esta CME chegou na Terra no dia 17 Março, e provocou a tempestade geomagnética mais intensa do ciclo 24, registrada até o momento.
Na região de alta e média latitudes foram observadas auroras boreais, o índice AE ultrapassou a marca dos 1500 nT durante vários períodos ao longo desse dia, indicando forte subtempestade magnética.
Aqui no Brasil, os dados dos magnetômetros do EMBRACE (Figura 3) registraram a chegada da CME, associada com um impulso súbito na compoente H de aproximadamente 40 nT e a tempestade geomagnética G3 (Kp = 8) que se seguiu. No pico da tempestade, os magnetômetros registraram queda na componente H de -320 nT. A fase principal dessa tempestade durou algumas horas, equanto a fase de recuperação do campo geomagnético se extendeu por cerca de uma semana
Figura 3: Variação do campo magnético terrestre na região brasileira, medido na estação SJC, durante dois dias calmos e seguidos pelo impacto da CME e tempestade.
Os registros dos magnetômetros da rede Embrace foram utilizados para calcular o índice K da América do Sul (Ksa), que nesse evento atingiu 7+, conforme mostra a Figura 4, tempestades magnéticas G3 podem afetar satélites em órbita e a comunicação em rádio frequências.
Figura 4: Evolução do índice de tempestade magnética sobre a América do Sul no dia 17 de Março.
A tempestade do dia 17 de Março foi importante para se avaliar os impactos dos eventos de clima espacial nas diferentes áreas de monitoramento: começando pela região das órbitas dos satélites geoestacionários, que estiveram sujeitos a elétrons e prótons relativísicos que precipitaram principalmente na região auroral; passando para ionosfera, que apresentou variações devidas aos inúmeros flares que precederam a tempestade entre os dias 10 e 17 de Março e, em seguida, os efeitos devidos à tempestade observados durante o dia 17 e, finalmente, as correntes induzidas no solo, que são associadas a variações rápidas do campo geomagnético observadas a apartir dos dados de magnetômetros em solo.