O radar de retro-espalhamento coerente de 50 MHz (RESCO) que foi instalado no Observatório Espacial de São Luís / INPE, cuja operação foi iniciada em agosto de 1998, é capaz de realizar medidas de dinâmica do plasma do eletrojato e de bolhas ionosféricas equatoriais. Este radar foi projetado para mapear a turbulência e a deriva eletromagnética das irregularidades de curta escala de comprimento (3 metros) numa faixa de altura que se estende de ~90 km até ~1000 km da ionosfera equatorial. Tais irregularidades de plasma exercem grande influência na propagação trans-ionosférica de ondas de radio numa grande faixa de freqüência, de VHF até UHF, e, portanto, influenciam todas as atividades de comunicações espaciais da região tropical brasileira. A formação, o desenvolvimento e a distribuição espacial destas irregularidades são altamente sensíveis à mudança climática espacial, ou seja, “Space Weather”, além dos processos convectivos e das tempestades da troposfera.
O radar foi o resultado do desenvolvimento e construção iniciado no INPE há vários anos. Ele transmite sinais pulsados de alta potência através de uma rede de antena que possui 768 dipolos a qual permitem concentrar toda a energia transmitida num feixe bastante estreito de radiação. A mesma antena também capta os sinais de retorno espalhados pelas irregularidades ionosféricas. A potência máxima transmitida (120 kW) é atingida através do uso de um sistema modular de 8 transmissores faseados para maximizar a energia transmitida. O controle operacional do radar é feito por um computador, o qual também realiza a aquisição, o tratamento e processamento “on line” dos dados recebidos da ionosfera. Os dados gravados são disponíveis também para o processamento e analise posterior. O radar já foi operado em diversas campanhas observacionais desde 1998 e vem coletando de modo rotineiro nos últimos anos, dados da dinâmica do eletrojato equatorial.
Este radar, junto com o radar de 30 MHz oferece grandes oportunidades aos pesquisadores de estudar os fenômenos peculiares da região equatorial. Estes, ao lado dos radares do Peru (Jicamarca), da Índia (Thumba) e da Indonésia, são uns dos poucos radares deste tipo que existem no mundo ao redor do equador magnético. Devido à configuração peculiar do campo geomagnético, a região equatorial brasileira possui características bem distintas das outras regiões. Foi por este motivo que a NASA do EUA, em colaboração do INPE, realizou em Alcântara em 1994 a campanha GUARÁ quando foram lançados 26 foguetes (no período de setembro-outubro) para estudar o eletrojato equatorial e as bolhas ionosféricas. Esta campanha contou com o apoio de um radar semelhante ao radar RESCO (o qual foi trazido do EUA), da digissonda (a qual proveu os diagnósticos da ionosfera) e dos magnetômetros operados pelo INPE no Observatório Espacial de São Luís. O radar RESCO, que se encontra atualmente numa fase de aperfeiçoamento tecnológico, oferece grande potencial para promover pesquisas do meio ambiente da região equatorial brasileira.